Pesquisa apresenta dados sobre violência contra negros
Alagoas, Espírito Santo e Paraíba concentram maior número de negros vítimas de homicídio
Em Alagoas, os homicídios reduziram em quatro anos a expectativa de vida de homens negros. Entre não negros, a perda é de apenas três meses e meio. O estado nordestino apresentou o pior resultado entre todas as Unidades da Federação, de acordo com um estudo divulgado pelo Ipea nesta terça-feira, 19, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra. A Nota Técnica Vidas Perdidas e Racismo no Brasil calculou, para cada estado do país, os impactos de mortes violentas (acidentes de trânsito, homicídio, suicídio, entre outros) na expectativa de vida de negro e não negros, com base no Sistema de informações sobre Mortalidade (SIM/MS) e no Censo Demográfico do IBGE de 2010.
“Enquanto a simples contagem da taxa de mortos por ações violentas não leva em conta o momento em que se deu a vitimização, a perda de expectativa de vida é tanto maior quanto mais jovem for a vítima. Em segundo lugar, a expectativa de vida ao nascer é um dos principais indicadores associados ao desenvolvimento socioeconômico dos países”, explica o texto da pesquisa.
O estudo, de autoria do diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e Democracia (Ipea), Daniel Cerqueira, e de Rodrigo Leandro de Moura, da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), analisou ainda em que medida as diferenças nos índices de mortes violentas podem estar relacionadas a disparidades econômicas, demográficas, e ao racismo. De acordo com os autores, “o componente de racismo não pode ser rejeitado para explicar o diferencial de vitimização por homicídios entre homens negros e não negros no país”.
Taxa de homicídio
Considerando apenas o universo dos indivíduos que sofreram morte violenta no país entre 1996 e 2010, constatou-se que, para além das características socioeconômicas – como escolaridade, gênero, idade e estado civil –, a cor da pele da vítima, quando preta ou parda, faz aumentar a probabilidade do mesmo ter sofrido homicídio em cerca de oito pontos percentuais.
Novamente Alagoas é o local onde a diferença entre negros e não negros é mais acentuada – a taxa de homicídio para população negra atingiu, em 2010, 80 a cada 100 mil indivíduos. No estado, morrem assassinados 17,4 negros para cada vítima de outra cor. Espírito Santo e Paraíba também são destaques negativos no ranking elaborado pelo Ipea, com, respectivamente, 65 e 60 homicídios de negros a cada 100 mil habitantes (no Espírito Santo os assassinatos diminuem a expectativa de vida dos homens negros em 2,97 anos; na Paraíba, em 2,81 anos).
“O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele. Tais discriminações combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros vis-à-vis o resto da população”, afirma o documento.
Leia a Nota Técnica 'Vidas Perdidas e Racismo no Brasil'
Veja as taxas de homicídios de negros e não negros no Brasil (por Unidade da Federação)
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=20607&catid=8&Itemid=6
Alagoas é o estado mais violento para negros no Brasil, aponta Ipea
19/11/2013 14h31 - Atualizado em 19/11/2013 14h31
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/11/alagoas-e-o-estado-mais-violento-para-negros-no-brasil-aponta-ipea.htmlPara cada homicídio de não negro no país, 2,4 negros são assassinados.
No estado do Nordeste, esse índice sobe para 17,4.
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado
nesta terça-feira (19) aponta Alagoas como o estado mais violento para
negros no país, onde há a maior perda de expectativa para homens da
etnia ao nascer em razão da violência.
Segundo o estudo, feito com dados do Sistema de informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de negros e pardos (93,9 milhões) quase alcança a de não negros (96,7 milhões), mas a incidência de mortes violentas na primeira parcela é muito maior.
"O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele. Tais discriminações combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros vis-à-vis o resto da população", afirma o estudo do Ipea.
O instituto também fez um cálculo de perda de expectativa ao nascer para negros em razão da violência. A estimativa leva em conta dois cálculos: "uma função sobrevivência observada nos dados e uma função sobrevivência contrafactual, associada a um cenário em que não houvesse violência. Essas funções sobrevivência indicam a probabilidade de um indivíduo com determinada idade e outras características (cor da pele, gênero e município de residência) viver" até determinada idade.
Neste caso, os homens de cor negra perdem, no geral, 3,5 anos de vida em sua expectativa ao nascer, contra 2,5 anos de um homem de outra etnia. A expectativa de vida média do brasileiro é de 73,5 anos, segundo o órgão.
Novamente Alagoas figura em primeiro lugar neste ranking. No estado, um homem negro tem sua expectativa reduzida em 6,2 anos ao nascer. Em seguida estão Espírito Santo, com 5,2 anos, e Paraíba, com 4,8 anos a menos. Santa Catarina possui o índice mais baixo (2 anos a menos).
Quando são analisadas apenas as perdas associadas a assassinatos, o fator que mais interfere na violência, Alagoas também fica na frente: são 4,08 anos a menos para os negros.
Já quando a comparação leva em conta apenas os homens não negros, Alagoas detém o menor indicador, com perda de 0,5 ano. Neste quesito, Paraná apresenta-se como o estado mais violento – perda de 3,95 anos para os não negros.
Segundo o Ipea, o levantamento tem como objetivo analisar as mortes violentas e os impactos na expectativa de vida da população, entendendo que, além de características socioeconômicas, a cor da pele aumenta a probabilidade de alguém ser assassinado. Segundo o documento, apenas 6,8% dos negros estão entre os 10% brasileiros mais ricos, enquanto que, dentre a população pobre, os negros prevalecem: representam 55,28% da população entre os 50% mais pobres do país.
"Por um lado, a letalidade violenta de negros no Brasil associada à questão socioeconômica, em parte, já decorre da própria ideologia racista. Por outro lado, a perpetuação de estereótipos sobre o papel do negro na sociedade muitas vezes o associa a indivíduos perigosos ou criminosos, o que pode fazer aumentar a probabilidade de vitimização destes indivíduos, além de fazer perpetuar determinados estigmas", afirma o estudo.
Segundo o estudo, feito com dados do Sistema de informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de negros e pardos (93,9 milhões) quase alcança a de não negros (96,7 milhões), mas a incidência de mortes violentas na primeira parcela é muito maior.
saiba mais
A taxa de homicídios de negros no Brasil é de 36 para cada 100 mil;
para não negros, ela é de 15,2. Ou seja, para cada homicídio de não
negro no país, 2,4 negros são assassinados. Em Alagoas, estado que
encabeça a lista, o índice sobe para 17,4 negros mortos para cada não
negro assassinado. O Paraná é o único estado do país onde há mais mortes
de não negros."O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele. Tais discriminações combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros vis-à-vis o resto da população", afirma o estudo do Ipea.
Estados com a maior perda na expectativa ao nascer para homens negros (em anos) |
|
---|---|
ALAGOAS |
6,21 |
ESPÍRITO SANTO |
5,18 |
PARAÍBA |
4,81 |
PERNAMBUCO |
4,52 |
BAHIA |
4,37 |
Fonte: Ipea |
O instituto também fez um cálculo de perda de expectativa ao nascer para negros em razão da violência. A estimativa leva em conta dois cálculos: "uma função sobrevivência observada nos dados e uma função sobrevivência contrafactual, associada a um cenário em que não houvesse violência. Essas funções sobrevivência indicam a probabilidade de um indivíduo com determinada idade e outras características (cor da pele, gênero e município de residência) viver" até determinada idade.
Neste caso, os homens de cor negra perdem, no geral, 3,5 anos de vida em sua expectativa ao nascer, contra 2,5 anos de um homem de outra etnia. A expectativa de vida média do brasileiro é de 73,5 anos, segundo o órgão.
Novamente Alagoas figura em primeiro lugar neste ranking. No estado, um homem negro tem sua expectativa reduzida em 6,2 anos ao nascer. Em seguida estão Espírito Santo, com 5,2 anos, e Paraíba, com 4,8 anos a menos. Santa Catarina possui o índice mais baixo (2 anos a menos).
Quando são analisadas apenas as perdas associadas a assassinatos, o fator que mais interfere na violência, Alagoas também fica na frente: são 4,08 anos a menos para os negros.
Já quando a comparação leva em conta apenas os homens não negros, Alagoas detém o menor indicador, com perda de 0,5 ano. Neste quesito, Paraná apresenta-se como o estado mais violento – perda de 3,95 anos para os não negros.
Segundo o Ipea, o levantamento tem como objetivo analisar as mortes violentas e os impactos na expectativa de vida da população, entendendo que, além de características socioeconômicas, a cor da pele aumenta a probabilidade de alguém ser assassinado. Segundo o documento, apenas 6,8% dos negros estão entre os 10% brasileiros mais ricos, enquanto que, dentre a população pobre, os negros prevalecem: representam 55,28% da população entre os 50% mais pobres do país.
"Por um lado, a letalidade violenta de negros no Brasil associada à questão socioeconômica, em parte, já decorre da própria ideologia racista. Por outro lado, a perpetuação de estereótipos sobre o papel do negro na sociedade muitas vezes o associa a indivíduos perigosos ou criminosos, o que pode fazer aumentar a probabilidade de vitimização destes indivíduos, além de fazer perpetuar determinados estigmas", afirma o estudo.
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http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/11/alagoas-e-o-estado-mais-violento-para-negros-no-brasil-aponta-ipea.html
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