3 de nov. de 2016

Novembro AZUL - MNU na Campanha contra o câncer de próstata


                Tem urologista no SUS?



O Brasil é um país racista. O racismo é a ideologia que organiza o pensamento social e o Estado, impactando diretamente na vida dos negros e negras, como resultado temos uma menor expectativa de vida, maiores taxas de mortalidade, maior risco de adoecer e morrer por doenças evitáveis.
Inúmeras pesquisas publicadas apontam a assimetria no atendimento em saúde da população negra e da população branca. Estes dados colocam grandes questões a serem enfrentadas pelo Sistema Único de Saúde, pois as iniquidades apontadas indicam a existência de racismo institucional operando no interior do Sistema.
Novembro AZUL é uma dedicada campanha de prevenção ao câncer de próstata. Dados do Boletim “Mortalidade por Câncer de próstata” publicado pelo Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde (CCAS) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, apontam que  os homens da raça negra apresentam cerca de 2 vezes maior o risco de manifestar a doença, além de chance de 2,5 a 3 vezes maior de morrer pelo câncer.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a detecção precoce compreende duas estratégias: uma destinada ao diagnóstico em pessoas que apresentam sinais iniciais da doença (diagnóstico precoce) e outra voltada para pessoas sem nenhum sintoma e aparentemente saudáveis (rastreamento). O rastreamento do câncer de próstata é a realização de exames de rotina (geralmente toque retal e dosagem de PSA) em homens sem sinais e sintomas sugestivos de câncer de próstata.
Sendo  uma doença detectável e sendo os homens  negros os que apresentam maior risco  de manifestar a doença, seria esperado que as autoridades de saúde, reconhecendo a  situação de vulnerabilidade da população negra e do papel do SUS na "promoção da equidade", desenvolve-se programas efetivos para atacar o problema, porém a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), instituída em 2009, a "Campanha SUS Sem Racismo", lançada em 2014 com cursos à distância,  não viraram ações concretas e portanto não foram suficientes acabar com o racismo institucional.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2015 com detalhamento por raça e cor, indica   o preconceito e a dificuldade de acesso como os principais fatores para recebermos  o pior tratamento no sistema público de saúde, esperamos em média 30% mais tempo para sermos atendidos, somos a maioria na fila de espera para exames de complexidades, tratamentos quimioterápicos.
Recentemente a Sociedade Brasileira de Urologia, entidade que aglutina 95% dos urologistas brasileiros, lançou um manifesto criticando as condições de trabalho para o urologista desempenhar sua plena atribuição no SUS e a Política de Saúde do Homem junto ao Ministério da Saúde. Denunciando que o SUS não possui número de urologistas suficientes para atender a demanda resultando na enorme fila de espera para consulta e cirurgias,em complicações e óbitos devido ao diagnóstico e tratamento tardio.
Novembro já é um mês de consciência e de luta, o novembro Azul reforça o nosso compromisso com a vida, nos lembra da nossa vulnerabilidade ao mesmo tempo que mostra o caminho para a solução, nesse caso a prevenção aliada ao diagnóstico precoce eao tratamento efetivo. Temos que lutar contra as já sabidas dificuldades impostas pelo sistema de saúde.  O novembro azul pode se tornar um Ato Político pela saúde dos Negros, vamos dar a essa campanha um caráter efetivo, questionando o acesso, o tratamento e saúde do homem com câncer. Se cada um de nós negros procurarmos um posto de saúde público e exigir o exame de próstata, essa demanda, “inesperada”,vai aparecer nas estatísticas do governo, e assim terão de nos responder com políticas públicas que nos deem a solução.Denuncie as dificuldades,as condições da infraestrutura (material, medicamentos, equipamentos, recursos humanos adequadamente qualificados). Chega de ficarmos calados diante de tamanha irresponsabilidade com a vida humana.

O MNU está na luta cotidiana por melhores condições de vida e saúde da população negra. É por isso que estamos contra a PEC da Maldade (241)que quer retirar ainda mais recursos da saúde e da educação, venha com a gente para a rua.  

Serão os mais pobres os atingidos, somos nós a população de negros e negras que seremos os mais penalizados. 
Grite contra esse mal.


REAJA A VIOLÊNCIA RACIAL.


Por Conti Marcelino - MNU/RJ