25 de abr. de 2012

Manifestantes pedem cota para negros em concursos e bolsas no exterior.

Maia está no exercício da Presidência; Dilma e o vice Temer estão em viagem.
Manifestantes pedem cota para negros em concursos e bolsas no exterior.
Priscilla MendesDo G1, em Brasília
 

Grupo se acorrentou e anunciou que estava em greve de fome; eles protestam a favor da criação de cotas para negros em concursos e para bolsas no exterior (Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil)Grupo se acorrentou e anunciou que estava em greve de fome; eles protestam a favor da criação de cotas para negros em concursos e para bolsas no exterior (Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil)
O presidente da República em exercício, Marco Maia, recebeu nesta segunda-feira (26) manifestantes do grupo Educafro, que se acorrentaram em frente ao Palácio do Planalto após anunciarem uma greve de fome.
O Educafro reivindica inclusão de afro-brasileiros no programa Ciência sem Fronteira, que oferece bolsas de estudo no exterior. Eles também pedem a inclusão de cotas nos concursos públicos do governo federal e autorização para usar o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superio) para compra de livros.
O movimento trabalha com políticas afirmativas de inclusão de negros e pobres há 30 anos. Os manifestantes alegam que já estiveram no Palácio do Planalto em uma série de negociações com Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, mas que não obtiveram sucesso.
Maia, que é presidente da Câmara dos Deputados, assumiu interinamente a presidência da República na noite deste domingo (25), após Dilma Rousseff deixar o país em viagem oficial à Índia para participar de reunião dos Brics – grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. O vice-presidente, Michel Temer está na Coréia do Sul desde quinta-feira (22).
Na agenda oficial de Maia não consta nenhum compromisso. Ele está no palácio desde às 9h40, segundo assessoria. Esta é a terceira vez que Marco Maia assume o cargo mais alto da República. Ele deve ficar até a noite desta quarta (28).
A Constituição Federal estabelece que, em caso de ausência do presidente da República, assumirá o vice. Se os dois estiverem ausentes, o cargo deve ser ocupado pelo presidente da Câmara. O quarto na linha sucessória é o presidente do Senado, seguido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal.
Reunião da Comissão de Diretos Humanos do Senado nesta segunda-feira (26) (Foto: Natalia de Godoy / G1)Reunião da Comissão de Diretos Humanos do
Senado nesta segunda-feira (26) (Foto: Natalia
Godoy / G1)
Audiência no Senado
Em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado nesta segunda, entidades pediram a criação de cotas para negros no programa Ciência sem Fronteiras, que oferece bolsa de estudos no exterior.
O diretor de Engenharia, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Guilherme Melo, disse que o governo discutir a criação de cotas.
Guilherme Melo estava representando o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, que não pôde comparecer à audiência porque está em viagem oficial com a presidente Dilma na Índia.
Mário Theodoro, secretário executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), informou que apenas 20% da população negra do Brasil tem acesso ao ensino superior. "A maioria das vagas está indo para a população branca.
Existe o perigo de projetar um país cada vez mais desigual devido à disponibilização de vagas desigual", concluiu.
O reitor da faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, afirmou que não passa de 1% o número de negros com bolsas do CNPq.
O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Jorge Almeida Guimarães, afirmou que é preciso planejamento após a exposição do efetivo de população negra nas universidades públicas e privadas. O presidente da CAPES afirmou que a entidade também está aberta para colaborar.
O presidente da Comissão, Paulo Paim (PT-RS), disse que Raupp e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, provavelmente comparecerão à CDH na semana que vem para audiência pública sobre o mesmo assunto.

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