9 de set. de 2011

Escola denuncia caso de racismo durante passeio na Bienal do Livro

Bienal acontece até domingo (11) no Rio Centro (Foto: Carla Meneghini/Arquivo G1)
Bienal acontece até domingo (11) no Rio Centro (Foto: Carla Meneghini/Arquivo G1)

Duas alunas teriam sido chamadas de ‘negras do cabelo duro’ em estande. Adolescentes queriam senha para assistir a uma palestra em evento do Rio

Alunos do Colégio estadual Guilherme Briggs, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, registraram na Polícia Civil uma denúncia de racismo que teria ocorrido em um estande dentro da Bienal do Livro, que é realizada no Rio Centro, na Zona Oeste do Rio. De acordo com o professor e advogado da escola, José Carlos Araújo, uma turma estava em passeio da escola quando o caso aconteceu. O caso foi registrado na 77ª DP (Icaraí), mas será encaminhado para a 42ª DP (Recreio), que é a delegacia responsável pelo bairro onde fica o Rio Centro.
De acordo com José Carlos, duas alunas de 16 e 17 anos tentaram conseguir uma senha para uma palestra organizada em um estande na feira. Mas, segundo ele, um funcionário do estande teria negado as senhas, alegando que “não gostava de negros” e que as estudantes seriam “negras do cabelo duro”, para, em seguida, ofender o resto do grupo com “negros, favelados e sem educação”.
G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da organização da feira, que informou que “a Bienal do Livro representa a maior festa literária do país e tem como características a diversidade e a pluralidade.” A nota informa ainda: “Fazemos parte do movimento em prol da democratização da leitura e lamentamos se o fato relatado tenha sido provocado por um dos expositores do evento.”
Registro na delegacia
Ao tomar conhecimento do caso, a diretora da escola, Alcinéia Rodrigues da Silva, foi com as alunas que teriam sido ofendidas e os pais delas à 77ª DP (Icaraí) registrar queixa contra o funcionário. A denúncia será transferida para a 42ª DP (Recreio). “Estamos agora num momento de preservação dos alunos. Foi feito o registro do caso, a Secretaria de Educação tomou conhecimento do caso, e a Secretaria de Direitos Humanos também. Foi um fato lamentável, em pleno século XXI, a gente não espera que aconteça mais essas coisas”, declarou a diretora.
A escola pretende agora reverter o episódio para o lado positivo, e já programou atividades de conscientização sobre a questão e orientações de como os alunos podem agir nesses casos. “Foi o primeiro caso na escola, sempre trabalhamos muito isso aqui dentro. Mas é como os alunos falaram para os pais deles: sofrer na pela, elas nunca tinham sofrido”, concluiu.
A delegada Adriana Belém, da 42ª DP, informou que o caso deve chegar por volta de segunda-feira (12) na delegacia. Ela informou que ainda não foi aberto um inquérito na 77ª DP.
A Secretaria estadual de Educação enviou uma nota de repúdio: “A Secretaria de Estado de Educação, por meio da Coordenação de Diversidade Educacional, informa que, tão logo soube do fato ocorrido na Bienal, colocou-se à disposição para prestar as devidas orientações e apoio às famílias das estudantes, bem como a todos os alunos, professores e direção da referida unidade escolar. A Seeduc reitera que repudia qualquer ato de preconceito, seja ele étnico, racial ou de qualquer natureza.”


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