O São Gonçalo On Line
A Bienal do Livro deste ano, realizada na zona oeste do Rio, viveu ontem uma história de racismo que não saiu dos livros de Monteiro Lobato: foi vivida e contada por duas estudantes da rede pública de Niterói. O episódio, registrado na 77ª DP (Icaraí), envolveu alunas do Colégio Estadual Guilherme Briggs, localizado em Santa Rosa, e o funcionário de uma editora.
As estudantes alegaram terem sido humilhadas pelo funcionário com palavras racistas - a exemplo do que Lobato fazia com a Tia Anastácia nos episódios do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Dessa vez, contudo, o conto infantil virou caso de polícia, a história e os personagens são reais e Monteiro Lobato é inocente. O vilão fugiu após as ofensas e o caso carece de final feliz.
De acordo com a diretora da escola, Alcineia Rodrigues, 45, as meninas teriam ido ao estande pedir um convite para assistir a palestra do apresentador Rodrigo Faro, quando foram abordadas pelo acusado.
“Ele negou o convite e disse a elas que não poderiam presenciar o evento porque eram negras de cabelo duro e faveladas”, lamentou.
Alcineia contou que as estudantes só comunicaram o fato quando embarcaram no ônibus.
“Mesmo assim voltei ao local onde aconteceu a discriminação para pedir uma retratação. O funcionário não estava mais lá. O gerente informou que não podia se responsabilizar pela atitude dele. Por esse motivo resolvi procurar a delegacia”, disse a diretora.
Vergonha - Uma das alunas contou que o funcionário chegou a repetir as ofensas.
“Ele humilhou minha amiga e depois me chamou de negra do cabelo duro. Me senti triste. Nunca tinha passado por isso. Não consegui nem dormir pensando na vergonha que passei”, lamentou a aluna.
O professor e advogado da escola, José Carlos de Araújo, disse que o caso foi registrado com base no artigo 9º da lei 7716/89, que prevê injúria e preconceito racial.
“Nós ensinamos a nossos alunos o princípio da cidadania e respeito e não estamos recebendo o mesmo. São meninas especiais e inteligentes. Elas nunca vão esquecer essa humilhação”.
Após a instauração do inquérito, o acusado deverá ser identificado e intimado a prestar esclarecimento.
http://www.osaogoncalo.com.br/site/pol%C3%ADcia/2011/9/7/30920/dessa+vez+lobato+%C3%A9+inocente+
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