8 de mar. de 2019

Mulheres importantes para nós não estão nas fotos


Muitas Mulheres importantes para nós não estão nesta foto. Nesta e em muitas outras.


 Angela Gomes, Coordenadora Nacional de Formação do MNU; Manueli Ramos, Coordenadora Estadual de Juventura MNU-RJ; Fátima Andreia, Coordenadora Estadual MNU-RJ; Ieda Leal, Coordenadora Nacional do MNU; Margareth Ferreira, Coordenadora Estadual de Comunicação MNU-RJ - Créditos da Fotos: FanPage facebook MNU Niteroi

Ela é simbólica.

Significa o quanto tempos caminhado, sofrido, perdido e ganhado, multiplicando nosso tempo, em andanças, diálogos e litígios, protestos e atos públicos, negociações e mediações de conflitos que não queremos que se mantenham e, principalmente, comprometimento com a luta antirracista e por direitos humanos de todas as pessoas, povos e classes, e, ainda, precisamos sorrir.

Sorrir e nos apropriar da responsabilidade que é representá-las, mesmo sem procuração, autorização ou mesmo reconhecimento.

Há uma grande lição nas mensagens que o mundo tem nos dado, através da política e das nossas pequenas vitórias diante da luta cotidiana: nossa ancestralidade, toda vez que é evocada com energia e força, nos responde e diz porque estamos aqui e o nos lembra qual é a nossa verdadeira missão.

Em cadeia nacional e mundial, o que seria necessário para que tantos milhões nos ouvissem, assistissem e acompanhassem dando de si o melhor como fazem quando passa o Gandhi, o Ile Ayer, Olodum, Tuiuti ou Mangueira?

Quem viu o desfile ao vivo ou nos videos que agora rodam o mundo, com traduções do hino cantado pelos sambistas, sabe que quando o som dos timbaus invade o mundo dizendo que é hora de ouvir Marias, Mahins, Marieles e Malês, também é hora de ouvirmos os sons que ecoam dentro de nós, pretas, nos processos de Unificação das lutas antirracistas.

Todas, que estamos na luta, queremos o mesmo, dizendo em palavras, ritmos, tons e maneiras diferentes.

Alguém duvida???

Hoje, entre os sons das passeatas e palestras que faremos, ruídos de comunicação devem ser afastados e precisamos compreender profundamente umas as outras.

Quem se foi, morta pelo feminicídio, racismo ou pela política de corrupção e silenciamento, precisa ser lembrada e sua luta precisa nos contagiar e nos tornarmos unificadas e plenas.

Durante os encontros do dia, teremos reencontros, com mulheres que como nós lutam de forma aguerrida e que temos deixado de homenagear e fortalecer, por ainda reproduzirmos as velhas práticas políticas que nos foram ensinadas quando adentramos o universo masculino da luta.

Agora, essas práticas não nos são mais necessárias, rompamos com essa lógica!

Toda mulher preta é uma irmã e todas aquelas que entendem a necessidade de compartilharmos de maneira isônoma o poder, também.

Hoje, nos protestos, atos, rodas de conversa, marchar e todos os pontos onde tivermos vez e voz para falar, lembremos que a oralidade é a grande mensagem de nossa cultura ancestral que não podemos abrir mão e que os nossos sons sejam em favor dos direitos de todas nós!

É na luta que a gente se encontra.

Ase!

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