Muitas Mulheres importantes para nós não estão nesta foto. Nesta e em muitas outras.
Ela é simbólica.
Significa o quanto tempos caminhado, sofrido, perdido e
ganhado, multiplicando nosso tempo, em andanças, diálogos e litígios, protestos
e atos públicos, negociações e mediações de conflitos que não queremos que se
mantenham e, principalmente, comprometimento com a luta antirracista e por
direitos humanos de todas as pessoas, povos e classes, e, ainda, precisamos
sorrir.
Sorrir e nos apropriar da responsabilidade que é representá-las, mesmo sem procuração, autorização ou mesmo reconhecimento.
Há uma grande lição nas mensagens que o mundo tem nos dado,
através da política e das nossas pequenas vitórias diante da luta cotidiana:
nossa ancestralidade, toda vez que é evocada com energia e força, nos responde
e diz porque estamos aqui e o nos lembra qual é a nossa verdadeira missão.
Em cadeia nacional e mundial, o que seria necessário para
que tantos milhões nos ouvissem, assistissem e acompanhassem dando de si o
melhor como fazem quando passa o Gandhi, o Ile Ayer, Olodum, Tuiuti ou Mangueira?
Quem viu o desfile ao vivo ou nos videos que agora rodam o mundo, com traduções do hino cantado pelos sambistas, sabe que quando o som dos timbaus invade o mundo dizendo que é hora de
ouvir Marias, Mahins, Marieles e Malês, também é hora de ouvirmos os sons que
ecoam dentro de nós, pretas, nos processos de Unificação das lutas
antirracistas.
Todas, que estamos na luta, queremos o mesmo, dizendo em
palavras, ritmos, tons e maneiras diferentes.
Alguém duvida???
Hoje, entre os sons das passeatas e palestras que faremos,
ruídos de comunicação devem ser afastados e precisamos compreender
profundamente umas as outras.
Quem se foi, morta pelo feminicídio, racismo ou pela
política de corrupção e silenciamento, precisa ser lembrada e sua luta precisa
nos contagiar e nos tornarmos unificadas e plenas.
Durante os encontros do dia, teremos reencontros, com
mulheres que como nós lutam de forma aguerrida e que temos deixado de homenagear
e fortalecer, por ainda reproduzirmos as velhas práticas políticas que nos
foram ensinadas quando adentramos o universo masculino da luta.
Agora, essas práticas não nos são mais necessárias, rompamos
com essa lógica!
Toda mulher preta é uma irmã e todas aquelas que entendem a
necessidade de compartilharmos de maneira isônoma o poder, também.
Hoje, nos protestos, atos, rodas de conversa, marchar e
todos os pontos onde tivermos vez e voz para falar, lembremos que a oralidade é
a grande mensagem de nossa cultura ancestral que não podemos abrir mão e que os
nossos sons sejam em favor dos direitos de todas nós!
É na luta que a gente se encontra.
Ase!
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