21 de fev. de 2012

A investigação do assassinato da Advogada ISABEL CRISTINA (CIR OAB RJ) em Cabo Frio


Foi com surpresa, e através da lista de "discriminação racial", que recebi o aviso emocionado de Marcelo Dias, Presidente da CIR OAB RJ, sobre o assassinato da advogada Isabel Cristina, criminalista e membro da Comissão de Igualdade Racial daquela seccional da OAB. Sem muitos detalhes, as primeiras informações davam conta apenas do homicídio, com características de execução sumária, com cinco tiros, em sua casa, em Cabo Frio. Baseado em experiências anteriores, além de lamentar o episódio, fiz a exortação a que a Comissão, e na verdade a própria OAB RJ, através do Presidente da Seccional, Wadih Damous, bem como autoridades da Secretaria de Segurança Pública do Rio, pudessem dar atenção ao episódio, que aliás não é raro no Rio de Janeiro.

Considerei imprescindível o envolvimento do CEDINE, Conselho dos Negros do Estado do Rio de Janeiro, através da figura de seu presidente, o Paulão, comprovadamente bem próximo ao Governador Sergio Cabral, bem como de Marcelo Dias, que além de presidente da CIR OAB RJ, desfruta da experiência de ex-parlamentar, por dois mandatos na ALERJ. É importante ainda, a cobertura de veículos de informação da midia negra, a chamada "midia étnica" que outrora estiveram cuidando de tais temas, ao invés de se dedicar a campanhas que considero golpistas em referencia a Ministra Luiza Bairros, da Igualdade Racial.

Na pesquisa que fiz, encontrei vários orgãos de imprensa dando destaque ao assunto, e foi através de um desses, o RJ INTER TV 2a. edição , ( http://in360.globo.com/rj/noticias.php?id=24299 ), que fiquei sabendo detalhes e vendo inclusive o vídeo da casa de Isabel, que foi invadida por dois homens, de moto, que lhe desferiram 5 tiros, poupando seu companheiro. No vídeo pode-se ver a própria casa de Izabel, que foi invadida.

Izabel NÃO era a Presidente da Sub-seção da OAB de Cabo Frio, como equivocadamente vem sendo asseverado e reproduzido, que é presidida pelo advogado Eisenhower Dias Mariano, como facilmente se verifica no site da OAB Cabo Frio. Izabel presidia a Comissão local da Igualdade Racial, da Sub-seção de Cabo Frio, em substituição a advogada Margareth Ferreira. Pode-se verificar o site da OAB de Cabo Frio tais informações. Margareth, aliás, solicitou apoio através da mesma lista "Discriminação Racial", alertando que "se não houver pressão social, vai cair no esquecimento e a família vai ficar sozinha na luta".

Paulão, do CEDINE, prontamente atendeu nossa solicitação. Marcelo Dias já esta em Cabo Frio, e se reúne com o Presidente da OAB Sub-seção de Cabo Frio, e com o Delegado da 126a. DP. Outros já se manifestaram, de igual ou diferente modo, todos sensíveis à perda de vida de uma jovem advogada, ligada à questão racial. Entrei em contato com a Presidente da Comissão Nacional da Igualdade, do Conselheiro Federal da OAB, da qual participo como membro, Conselheira Federal Silvia Cerqueira.

O crime pelas notícias chegadas a público, até o momento, tem todas as características de execução sumária. As suspeitas de sempre são crime praticado por milícia, vingança, ou a mando de dentro da cadeia, já que Izabel era advogada criminal. Não se falou ainda em eventual causa racial no episódio, mas não me furto em lembrar que a região já foi objeto de denúncia da presença de neo-nazistas na região, seguidores da Banda ËND STUFF, na cidade de Macaé, conforme denúncia realizada em 2009, pelo PSTU na Assembléia Legislativa RJ. . Ver aqui. São detalhes que a investigação policial poderá esclarecer.

Outro caso que vem a memória, é o assassinato de Jonas, o cliente negro assassinado pelo segurança do banco Itaú, no centro do Rio de Janeiro, em 2006, episódio que participei ativamente, juntamente com outros ativistas e militantes, em especial integrantes do Sindicato dos Bancários e movimento negro. Jonas levou um tiro no coração, na porta da agencia e por essa mesma lista de Discriminação Racial,, iniciamos um protesto que paralisou a agencia Nilo Peçanha do Itaú. As reuniões semanais começaram cheias e com amplo número de pessoas e entidades, mas aos poucos, foram minguando e minguando. Jonas virou filme, no curta "Jonas, só mais um" de Caio Blat . Ver aqui e aqui

É porisso que chamo atenção para que não se fique apenas na posição do emails indignados, enraivecidos e extremados, que com justeza, apresentam tais sentimentos pelos quais são tomados companheiros e colegas da vítima, mas que, se não se der um passo além disso, resumem-se apenas a isso: emails indignados, que com a sucessão de casos trágicos, logo são esquecidos.

É preciso que tenhamos ação concatenada, articulada, de curto, médio e longo prazo. Acredito que elas estão se estabelecendo. Não só por Isabel Cristina, mas por todos nós.


Humberto Adami
humbertoadami@gmail.com

Advogado e Mestre em Direito.
Diretor de assuntos étnicos do IARA- Instituto de Advocacia Racial e Ambiental.
Diretor da FENADV - Federação Nacional dos Advogados
Conselheiro da Unipalmares - Universidade Zumbi dos Palmares
Ex-presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB RJ; do IARA - Instituto de Advocacia Racial e Ambiental; da ABAA - Associação Brasileira dos Advogados Ambientalistas; ex-Diretor da ASABB Associação dos Advogados do Banco do Brasil; do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro; ex Ouvidor da SEPPIR - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidencia da República. Membro da Comissão Nacional de Igualdade, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados.


FONTE: Blog do Humberto Adami *
* pede-se reproduzir os links insertos no texto
 
http://humbertoadami.blogspot.com/2012/02/investigacao-do-assassinato-da-advogada.html

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