17 de abr. de 2019
Códigos Normativos no Trato Social e o Encontro Nacional de Juventude
No limiar de uma Agenda Nacional de Juventude do MNU, que acontecera como uma espécie de mobilização ao 6º ENUNE, não poderíamos deixar de perceber a importância de conhecermos, nós negras e negros, militantes da causa antirracista, as tradições e ensinamentos das religiões de matriz africana.
Falar disto no seio da militância pode ser interessante, uma vez que nas Ciências Jurídicas e Sociais há profundos estudos sobre Direito e Magia, que podem servir para justificativas várias neste novo e perigoso momento político de neo conservadorismo cristão, reinventando o “sincretismo normativo”, que segundo proeminente jurista cearense é um território “onde as normas que regulam a vida social acham-se condensadas num agregado indiviso, onde é impossível discriminar quais teriam natureza moral, jurídica, religiosa ou de mero trato social”.
Então, para nós, participantes desta importante e tradicional organização negra, negligenciar do estudo de nossas próprias religiões, seus códigos normativos no trato social de nossas fileiras, é uma forma de nos comportarmos nos moldes idealizados pelos sistema, aí representados pelos brancos de esquerda e direita que ainda não entenderam a luta que travamos nesta sociedade racista e excludente.
Se por um lado, temos um MNU no auge de seus 40(quarenta) anos de existência, que busca se conhecer melhor em suas ações e estratégias de enfrentamento ao racismo; por outro temos um outro o que entende que tal e qual o ajuste as nossas tradições merece, é preciso respeito aos ritos, histórias, conquistas, acúmulos e principalmente as lutas que encabeçamos, a cada dia, cada um em sua praia, nenhuma menos importante que a outra e todas necessárias para o conjunto que se apresenta altivo perante o mosaico de experiências exitosas de nossa trajetória organizacional.
Aparentemente, são dois olhares diferenciados para a mesma organização, mas essencialmente sabemos que são percepções interseccionais.
É dentro dessa lógica que vemos acontecerem violações a instâncias, que ainda nos agridem e atingem como organização no auge da maturidade.
Evidentemente muitas pessoas podem achar que a maturidade só vem após os quarenta... ou lá pelos cinquenta ou mais. Há, mesmo, quem ache natural que não se amadureça nunca.
Mas, o que mandam nossas tradições ancestrais e milenares deve, mesmo assim, sempre nortear nossa luta, dentro e fora do tatame social externo ao MNU. Mesmo na intimidade de nossos grupos, campos e reuniões.
Essa busca constante requer o rompimento com vaidades e realidades conjunturais as quais muitos já estão condicionados e acostumados, mas que não nos pertencem, e por isto requer coragem, ousadia e maestria para a mudança.
Não é fácil, mas no MNU lidamos com esses e outros temas, diariamente, pois na história de nossas lutas sempre haveremos que enfrentar os descendentes dos mandingas, que andam aqui e ali ressurgindo, nos perseguindo, desconstruindo, mas sendo sempre vencidos por nós.
Por isto lutamos juntos!
A hora é de unidade na Luta!
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