23/04/2011 15:52
Acusado de furtar ovo de páscoa, homem é surrado por segurança das Lojas Americanas

Vinícius Squinelo

Um ovo de páscoa foi o motivo para Márcio Antonio de Souza, de 33 anos, ser espancado, segundo ele, dentro da Lojas Americanas, localizada no centro de Campo Grande. O homem, que trabalha como vigilante, caminhava pela loja quando, por volta das 9 horas deste sábado (23), foi abordado por um segurança e levado para uma sala reservada.
No local, Márcio teria sido acusado de furtar um ovo de páscoa e foi brutalmente agredido. Ele foi para a Santa Casa de Campo Grande, onde recebeu atendimentos no setor de ortopedia, com o nariz fraturado.
O rapaz conta que o chocolate havia sido comprado em outro estabelecimento, mas garante que nao teve tempo de explicar. A família acredita que a agressão foi motivada por racismo. Márcio é afro-descendente.
“Tinha comprado dois ovos de páscoa no Makro (outro estabelecimento na Capital) e marcado para entregar um deles na rua Cândido Mariano para minha filha, na frente da loja. Após dar o presente dela, resolvi atravessar a loja das Americanas para pegar minha moto, que tinha deixado na rua Dom Aquino. Foi quando fui pego pelo segurança”, conta Márcio.
A radiografia confirmou uma fratura no nariz e o rosto do vigilante está cheio de hematomas.
Ainda segundo a vítima, o segurança sequer teria perguntado sobre a nota fiscal ou sobre a procedência do produto. “Ele simplesmente disse ‘você é um ladrão e merece apanhar’ e começou a me bater. Se tivesse perguntado eu chamaria minha ex-mulher Clemilda, que estava lá fora com minha filha, pra explicar tudo”, afirmou.
Procurada, a gerência do estabelecimento não atendeu à reportagem nem se manifestou oficialmente sobre o episódio. O gerente apenas informou, por meio de um atendente, que “não irá dar entrevista agora” e que “desconhece o caso”.
A amiga Adélia da Silva Oliveira, 35, confirma que os ovos de páscoa foram comprados por Márcio na empresa Makro, onde ela trabalha. A família ainda confirma estar com a nota fiscal da compra dos chocolates.
Além do nariz, Márcio acabou com o olho esquerdo muito ferido e teve lesões buco-maxilares. Ainda segundo ele, outro segurança impediu que as agressões continuassem. “Depois que o cara parou um pouco de me bater, outro segurança chegou e falou pra eu ir embora porque o que estava me batendo era violento e lutador de jiu-jítsu, e poderia me matar”, relata Márcio.
A ex-mulher de Márcio, Clemilda, e a filha de 11 anos deles prestaram os primeiros socorros. Ele chegou a desmaiar duas vezes na espera pelo atendimento. “Queriam que eu saísse de capacete da loja, para não mostrar o olho, mas não deixei, e nem registraram nenhum boletim de ocorrência de furto dentro da Americanas”, afirmou.
Segundo Márcio, após a agressão não houve nenhum tipo de atendimento por parte dos funcionários da Americanas.
A família encaminhou Márcio para a Unidade de Pronto Atendimento Vila Almeida, e depois para a Santa Casa. Ele deve passar por cirurgias na segunda-feira (25) para reparação dos ferimentos no nariz e no maxilar.
Racismo
Gilson Fernandes, irmão de Márcio, acredita que o motivo das agressões foi racismo. “Trabalho na área da segurança privada, não se faz uma violência dessa. Acredito que o ponto ‘x’ desse caso tenha sido a cor da pele do meu irmão”, relatou o segurança de 39 anos.
“A empresa é responsável pelos funcionários que contrata, e nós não vamos deixar esse caso ficar ileso”, comentou Gilson. “Toda família está abalada, minha sobrinha de 11 anos que me ligou falando que o pai tinha sido espancado, isso é inaceitável”, lamentou o segurança.
Márcio registrou a ocorrência na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) acusando a rede de Lojas Americanas e os funcionários que participaram da agressão por racismo, lesão corporal, tortura, situação vexatória, ameaça e calúnia. Da delegacia, o vigilante seguiu para o Imol (Instituto Médico Odontológico Legal) para realizar o exame de corpo de delito.
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