13 de dez. de 2019

NOVEMBRO NEGRO DO MNU RJ




* Por Marcelo Dias, Advogado, Dirigente Nacional 

O racismo no Brasil não cresceu em 2019, ele simplesmente recrudesceu e mostrou suas garras sanguinárias com a organização da extrema direita, do neo fascismo e sua chegada aos governos do Rio, São Paulo e governo federal.

A comunidade negra e os setores excluídos e marginalizados sempre conheceram o ódio racial e de classe, de gênero - feminicídio - e o extermínio da juventude negra entre outras violações de direitos dessa parcela majoritária de nossa população.

Queimar índios em praça pública ou em um banco em ponto de ônibus - Galdino -, chicotear jovens negros em supermercados ou esganá-los até a morte, dar 111 tiros em cinco jovens entre 16 e 22 anos, reprimir com força bruta e armada bailes funks levando a morte nove jovens como ocorreu em Paraisópolis em São Paulo e outras comunidades e favelas nas periferias das grandes cidades, armar uma polícia até os dentes para reprimir o povo trabalhador e proteger o patrimônio das classes abastadas e dominantes sempre fez parte da história do Brasil.

Honremos e prestemos nossas homenagens aos 11 jovens de Acari assassinados no início da década de 1990, que até hoje não tiveram seus corpos entregues as famílias para um velório digno, aos jovens da Candelária e aos moradores de Vigário Geral.

Hoje quando a direita mostra sua cara, quando a extrema direita e o neofascismo cria seu partido tendo como símbolo uma marca construída com projéteis de vários calibres o Movimento Negro Unificado e o Movimento Negro no conjunto de suas instituições e coletivos organizados, se levanta pra reafirmar e intensificar a RESISTÊNCIA.

Não estamos perplexos com a conjuntura de violência e morte no Brasil de hoje, fomos forjados na luta e resistência ao sistema escravocrata durante 350 anos, estamos resistindo 131 anos de uma falsa abolição, uma abolição inconclusa.

Em tempos de poderosos de plantão flertando com as milicias, com o neofascismo, com o ódio e o racismo religioso, frente ao aumento do feminicídio das mulheres negras, o extermínios de nossa juventude, ao ódio religioso contra as religiões de matrizes africanas, resistiremos.

Em especial este ano, tivemos um NOVEMBRO DE LUTA E RESISTÊNCIA EM HOMENAGEM A DANDARA E ZUMBI DOS PALMARES.

Dirigentes e militantes do MNU ocuparam as ruas, praças, escolas, escolas de samba e outros espaços com debates, manifestações culturais, marchas e seminários tendo como debate central o Genocídio do Povo Negro e vale fazer um breve resumo:

O start do Mês de Luta Negra começou no dia 03 de novembro no Ponto Chic em Padre Miguel.

A militância petista foi a praça do bairro gritar em alto som:

PAREM DE NOS MATAR.REAJA A VIOLÊNCIA RACIAL E POLICIAL.





No dia 07 de novembro houve na FAETEC debate com os alunos e professores a história da África e do Negro no Brasil.




No dia 09/11 foi a vez de participarmos do Viradão Cultural Suburbano debatendo com a juventude negra da Cidade de Deus ( CDD ) e Manguinhos.No mesmo evento do Viradão estivemos na feijoada de Tia Surica no Clube dos Sargentos e depois no Império Serrano.






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No dia seguinte- 10/11- foi a vez da Portela que recebeu o pessoal que iria realizar o Viradão na Praça Paulo da Portela mas foram impedidos pela ação da prefeitura fundamentalista do Rio que proibiu a manifestação cultural na praça em frente a sede do MNU/Agbara Dudu - o nosso Quilombo Urbano..

Lamentavelmente, neste dia não aconteceu o Viradão na Barreira do Vasco  - favela da zona central da cidade  - em razão do assassinato de um garçom pela polícia militar.

Dia 13/11, em Resende / Sul Fluminense, na abertura do Mês da Consciência Negra, organizado pela prefeitura do município através da secretaria de Direitos Humanos e a Coordenadoria de Igualdade Racial.






No sábado, 16/11. na Rua dos Romeiros-Penha, com o mesmo grito na garganta: 



Parem de Nos Matar.


No dia 18 de novembro o MNU RJ, através de nossa militante Rose Cipriano, esteve no CIEP Pablo Neruda,  em São Gonçalo,  realizando a oficina: As Mulheres Negras Que Eu Não Conheci.


Excelente debate com jovens do ensino médio sobre a luta das mulheres negras ontem e hoje,  o impacto do racismo estrutural e o enfrentamento da violência física e simbólica . 




DIA 20 de NOVEMBRO

Além de todas as feijoadas e encontros festivos e consagrados a nossas reflexões, o registro merecido a este que tem se configurados como o maior evento no Estado em homenagem à Dandara e Zumbi em Niterói no Viva Zumbi. Evento este, organizado pela militante do MNU, vereadora Verônica Lima, já ocorre desde
2014, quando da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, de autoria da mesma vereadora, o primeiro desse tipo a ser aprovado no Brasil, conforme relatado por Jaçanã Bouças, Coordenadora Municipal do MNU NiteróiÇ

"A programação contou com Feira Baobá, Exposição Afro e Feira Literária, debate sobre o genocídio da juventude negra, além de apresentações e shows com grupos e artistas como Martinália, Velha Guarda da Mangueira, Grupo Ás de Ouro, Baque Mulher,Moça Prosa, Linda Baobá entre outros.
Como em todas as edições anteriores foi servida uma suculenta feijoada para centenas de pessoas. Temos orgulho de ter a vereadora Verônica Lima nas fileiras do MNU".


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Campos realizou o Seminário sobre o Genocídio do Povo Negro dando continuidade ao Seminário Estadual realizado nos dias 18 e 19 de outubro no Sindpetro.

Segundo Gilberto Totinho - Coordenação estadual do MNU RJ: 

" Realizamos o Primeiro Fórum Municipal sobre o Genocídio da População Negra, atividade pioneira realizada pelo MNU Campos em parceria com: FRAB, IDANF, MCPCN, CMPIR, LICAMPOS e APG/UENF, nunca houve uma discussão com este tema numa data tão emblemática para o movimento negro na história do município".
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Em Madureira foi realizada mais uma vez a Marcha da Periferia conjuntamente com várias entidades, entre as quais Quilombo Raça e Classe, Sindicatos, Agbara Dudu entre outras entidades.A caminhada reuniu um número expressivo de ativistas do viaduto de Madureira até o Quilombo Urbano MNU/Agbara Dudu na Praça Paulo da Portela em Osvaldo Cruz.











De Petrópolis, a dirigente Lourdes Petrolino, Coordenadora municipal do MNU mandou o recado :

" Dia de Zumbi é muito importante para a população negra do município de Petrópolis onde a cada ano estamos dando mais visibilidade ao nosso povo. Nesta sétima festa afro brasileira, Viva Zumbi, viva o MNU. 41 anos de luta e resistência contra o racismo."





Em Angra dos Reis, atividades na Praça Zumbi dos Palmares, que segundo Hugo Vilella, ativista e ex dirigente Estadual foi um momento marcante com a presença das comunidades jongueiras:




" A resistência é todo dia! Hoje eu tive o privilégio de poder participar de atividade das organizações que compõem o Movimento Negro em Angra em comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra, na Praça Zumbi dos Palmares, no centro da cidade, fazendo deste um momento marcante com a presença das comunidades jongueiras de Vila Histórica de Mambucaba e de Santa Rita do Bracuí.Parabéns aos membros do COMPIR - Conselho Municipal de Políticas de Igualdade Racial de Angra dos Reis, pela realização da atividade.Negritude é cultura, conhecimento, luta, resistência e sabedoria!"



De Maricá veio o recado de Leci Alberti, dirigente do MNU Maricá :

" O MNU Maricá na luta contra o racismo no mês da Consciência Negra foi foi pra praça no do dia 30 de novembro panfletar e conversar com a população maricaense sobre o genocídio da população negra, a violência contra a mulher negra que cresce a cada dia, o combate ao ódio as religiões de matriz africana, o extermínio da juventude negra."








Na Região dos Lagos, onde o MNU está organizado em todos os municípios, com uma militância diversa muito ativa, os debates foram potencializados pela força de seus ativistas interagindo com os Movimentos Negros, Escolas e órgãos de igualdade racial, em total integração com população e a participação da vereadora de Cabo Frio, Leticia Jotta, ativista do MNU intensificando a visibilidade e importância do 20 de novembro também na midia local.Assim informa nossa irmã Margareth Ferreira, Coordenadora Estadual de Comunicação do MNU/RJ:

" O MNU Lagos, através das lideranças da região, realizou atividades que além de promover a formação política, amplia o debate social e racial fortalecendo os laços de amizade e comprometimento entre esses militantes. Em Cabo Frio, por exemplo, fizemos a escolha de realizar o "Café com Fé" uma parceria entre organizações que estão atuando no combate ao racismo religioso, cujas ações desses meliantes se ampliou nos últimos meses.Também foram realizadas filiações e recadastramento em toda a região, com a inserção de quadros importantes em nossa luta"








Também na Região dos Lagos, o ativista do MNU, Prof Sergio Rodrigues, Diretor de Igualdade Racial de São Pedro da Aldeia, em parceria com o MNU Iguaba Grande, através do Prof. Guilherme Pinto atuaram coletivamente nas escolas. 

"Nosso Novembro Negro constou de palestras, debates e rodas de conversa em várias unidades escolares do município, como também no Cine da cidade e nos espaços destinados a palestras e cursos na secretária da educação. Durante todo mês de novembro falamos sobre: Genocídio da População Negra, Racismo Institucional, Feminicídio, Negro na Mídia, desafios do movimento negro na atualidade e vários temas relacionados à luta contra o Racismo".




No Sul Fluminense, onde o MNU de Barra do Piraí participou de uma Caminhada interrreligiosa, nossa dirigente estadual Clarice Avila, Coordenadora Estadual de Assuntos Institucionais afirma:

" O MNU participou ativamente para a construção desta relevante atividade no dia 20 de novembro aqui em Barra do Piraí, a Caminhada Inter religiosa. O evento já faz parte do calendário da cidade e conta com a participação de vários segmentos que se unem contra o Racismo Religioso. A Caminhada tem seu ponto culminante em frente a estátua de Zumbi dos Palmares".



No dia 21, nossa agenda foi prestigiar a Flidam - Festa Literária Internacional de São João de Meriti.

A Coordenadora Estadual do MNU-RJ, Fátima Andreia,  esteve presente na mesa de abertura que aconteceu na parte da manhã, e  a tarde juntamente com outros ativistas, participou da homenagem ao Almirante Negro João Cândido na Praça da Matriz.















No dia 22 de novembro. com apoio de militantes de Iguaba Grande, Dra Roseli Caetano e Cabo Frio, vereadora Leticia Jotta e Dra Margareth Ferreira, participamos na OAB Maricá do ato de criação da Comissão Municipal de Igualdade Racial, onde duas advogadas do município, Dra Fátima Moura e Dra. Luciene Brandão, esta vice presidente da OAB Maricá, terão uma importante tarefa de fazer o debate institucional sobre o racismo na sociedade maricaense.








No domingo, 24 de novembro um Diálogo com a Velha Guarda de Manguinhos e o reencontro de amigos e a liderança religiosa Padre Gegê.

Muito gratificante poder estar com Cesinha, Cidinha, Celeste, Márcio, Ângelo e outrxs baluartes da Escola de Samba Manguinhos.

No debate sobre a ausência de políticas públicas na favela esteve presente, a face do racismo estrutural e a violência do Estado Genocida.





Dia 28/11, sexta feira, ainda com intensas e importantes atividades:

Na parte da manhã, tive a honra de coordenar o evento Consciência Negra na Escola de Formação do Legislativo, com palestras de Amílcar Araújo Pereira, História do Movimento Negro Brasileiro; João Raphael Ramos, Entre Memória, Luta e Produção de Saberes; Gabriela Oliveira de Abreu, Trajetória de Personalidades e Grupos Durante a Ditadura Militar; Pilar Borges Barbosa, A Influência Racialista no Pré-Abolição Carioca.




A noite o evento foi na CUT RJ com a posse do ativista do MNU Aluízio Júnior na Secretaria Estadual de Combate ao Racismo da CUT, onde o Debate teve como tema "Povo Negro no Brasil"

O evento que contou com as presenças do presidente, vice presidenta, secretaria de mulheres e diversos sindicalistas e militantes do movimento negro tivemos a honra de filiar ao MNU a irmã e companheira Andréa Matos também eleita no congresso estadual da CUT para compor sua executiva estadual.




Nossa coordenadora estadual Fátima Andréa abonou a ficha de filiação da dirigente cutista Andréa Matos





LUTA PRETA LGBT.

Tivemos a realização da Roda de Conversa Luta Preta LGBT em Resistência contra Genocídio realizada na Casa das Pretas, pelo Coordenador Estadual LGBT, Carlos Alves, com uma expressiva participação de ativistas do MNU, entre os quais o Dr. Wilson Mandela, Silvio Santos, ativista de Duque de Caxias e a Coordenadora Estadual do MNU/RJ, Fatima Andreia.






Finalizando o Novembro Negro do MNU/RJ com a nossa participação em forma de entrevista com o tema " Psicanálise e questões étnicos-raciais", à TV 247 juntamente com a convidada Daniele Meneses, para o programa Lugar de Escuta com as entrevistadoras Mariana Mollica e Dafne Ashton sobre  Racismo Estrutural e Institucional, Violações de Direitos da população Negra no Brasil, Extermínio da Juventude Negra, Feminicídio, Racismo Religioso contra as Religiões de Matrizes Africanas, Revolução Haitiana, Extermínio da população negra na Argentina entre outros temas centrais na Diáspora Negra e na Resistência Negra no Brasil e nas Américas. (video com entrevista completa ao final); 

Abaixo a íntegra da entrevista a TV 247, Programa Lugar de Escuta: