Tem urologista no SUS?
O Brasil é um país racista. O racismo
é a ideologia que organiza o pensamento social e o Estado, impactando
diretamente na vida dos negros e negras, como resultado temos uma menor
expectativa de vida, maiores taxas de mortalidade, maior risco de adoecer e
morrer por doenças evitáveis.
Novembro AZUL é uma dedicada campanha
de prevenção ao câncer de próstata. Dados do Boletim “Mortalidade por Câncer de
próstata” publicado pelo Centro Colaborador em Análise de Situação de
Saúde (CCAS) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp,
apontam que os homens da raça negra
apresentam cerca de 2 vezes maior o risco de manifestar a doença, além de
chance de 2,5 a 3 vezes maior de morrer pelo câncer.
De acordo com a Organização Mundial
da Saúde (OMS) a detecção precoce compreende duas estratégias: uma destinada ao
diagnóstico em pessoas que apresentam sinais iniciais da doença (diagnóstico
precoce) e outra voltada para pessoas sem nenhum sintoma e aparentemente
saudáveis (rastreamento). O rastreamento do câncer de próstata é a realização
de exames de rotina (geralmente toque retal e dosagem de PSA) em homens sem
sinais e sintomas sugestivos de câncer de próstata.
Sendo uma doença detectável e sendo os homens negros os que apresentam maior risco de manifestar a doença, seria esperado que as
autoridades de saúde, reconhecendo a situação de vulnerabilidade da população negra
e do papel do SUS na "promoção da equidade", desenvolve-se programas
efetivos para atacar o problema, porém a Política Nacional de Saúde Integral da
População Negra (PNSIPN), instituída em 2009, a "Campanha SUS Sem
Racismo", lançada em 2014 com cursos à distância, não viraram ações concretas e portanto não
foram suficientes acabar com o racismo institucional.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2015 com detalhamento por
raça e cor, indica o preconceito e a
dificuldade de acesso como os principais fatores para recebermos o pior tratamento no sistema público de saúde,
esperamos em média 30% mais tempo para sermos atendidos, somos a maioria na fila
de espera para exames de complexidades, tratamentos quimioterápicos.
Recentemente a Sociedade Brasileira
de Urologia, entidade que aglutina 95% dos urologistas brasileiros, lançou um manifesto
criticando as condições de trabalho para o urologista desempenhar sua plena
atribuição no SUS e a Política de Saúde do Homem junto ao Ministério da Saúde.
Denunciando que o SUS não possui número de urologistas suficientes para atender
a demanda resultando na enorme fila de espera para consulta e cirurgias,em complicações
e óbitos devido ao diagnóstico e tratamento tardio.
Novembro já é um mês de consciência
e de luta, o novembro Azul reforça o nosso compromisso com a vida, nos lembra da
nossa vulnerabilidade ao mesmo tempo que mostra o caminho para a solução, nesse
caso a prevenção aliada ao diagnóstico precoce eao tratamento efetivo. Temos
que lutar contra as já sabidas dificuldades impostas pelo sistema de saúde. O novembro azul pode se tornar um Ato
Político pela saúde dos Negros, vamos dar a essa campanha um caráter efetivo,
questionando o acesso, o tratamento e saúde do homem com câncer. Se cada um de nós
negros procurarmos um posto de saúde público e exigir o exame de próstata, essa
demanda, “inesperada”,vai aparecer nas estatísticas do governo, e assim terão
de nos responder com políticas públicas que nos deem a solução.Denuncie as
dificuldades,as condições da infraestrutura (material,
medicamentos, equipamentos, recursos humanos adequadamente qualificados). Chega de
ficarmos calados diante de tamanha irresponsabilidade com a vida humana.
O MNU está na luta cotidiana por
melhores condições de vida e saúde da população negra. É por isso que estamos
contra a PEC da Maldade (241)que quer retirar ainda mais recursos da saúde e da
educação, venha com a gente para a rua.
Serão os mais pobres os atingidos, somos nós a
população de negros e negras que seremos os mais penalizados.
Grite contra esse
mal.
REAJA A VIOLÊNCIA RACIAL.